quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Capítulo 13

Batalha

Lá estávamos nós. Dentro do carro de Peter. Ele dirigia e eu ia no carona.
Frederick estava no próprio carro, logo a nossa frente.
Meu coração estava a mil. Mesmo com Peter segurando minha mão, o que normalmente me acalmava, nem que fosse um pouco.
Viajamos em silencio, enquanto eu criava estratégias de batalha na cabeça.
Não sei em que Peter estava pensando, mas estava ocupada demais pra perguntar.
A viajem foi mas rápida que eu esperava.
Estacionamos os carros na rodovia e fomos a pé até a clareira. Calmamente, afinal, ainda eram nove hora da noite.
Chegamos à clareira quase dez horas. Peter estava cansando então nos tentamos perto de uma arvore enquanto Frederick deu a volta pela clareira, procurando pontos que me pudessem favorecer.
Depois de dar a volta inteira na clareira, Frederick foi até onde u e Peter estávamos sentados.
__Você só treinou os elementos Ashley.__Ele disse, parando na minha frente__ Acho que seria bom você treinar luta também.
__Por mim tudo bem. __Eu disse, ficando de pé.
__Você luta? __Peter perguntou, logo que eu fiquei de pé.
__Digamos que é uma habilidade que vem no pacote. Por que?
__Porque tem uma coisa que você não sabe sobre mim.
__O que mais eu não sei sobre você?
__Eu sou faixa preta em Kung-fu.
__Preta?! Serio? Tudo bem. O que mais eu não sei sobre você? Você coleciona ossos e usa lentes de contato azuis porque seus olhos são vermelhos?
__Eu tenho cara de quem coleciona ossos?
__Definitivamente não.
__Que bom. __Ele disse ficando de pé __Quero ver o que sabe fazer.
__Você primeiro. Já assistiu demais por hoje.
__Tudo bem.
Peter foi até o centro da clareira e se preparou.
Depois ele fez uma sequêcia de movimentos digna dos filmes do Jack Chan. Ok, talvez nem tanto, mas com certeza eu não esperava que ele fosse tão bom.
Ele caminhou na minha direção, ofegante e disse:
__O que achou?
__Fascinante.
__Só isso?
__Fascinante, incrível, incrível... Agora é minha vez.
Fui até o centro do campo e me posicionei. Concentrei-me e iniciei a seqüência de chutes aéreos,acrobacias entre outras coisas que você pode imaginar.
Ao contrario de Peter, eu não fiquei cansada tão rápido. Demorou pelo menos o dobro de movimentos pra eu ficar cansada.
Parei quando ouvi um barulho, um estalo. Como se algo tivesse se quebrado. Algo como um galho grosso, ou algo do tipo.
Pelo visto eu não fui a única a ouvir, porque Frederick, olhava atentamente para a mata, de onde o som veio enquanto Peter parecia confuso.
E então eu vi, eram pelo menos 20. Saiam de todos os lados da mata e caminhavam silenciosamente para o centro da clareira, que por acaso, era onde eu estava.


Demorei um pouco para achar, no meio de todos aqueles rostos, o rosto que me fez estremecer. Joan.
__Olha! __Ele disse__ Pelo visto vocês também resolverem vir mais sedo.
Já eram quase onze horas e a lua estava coberta por uma fina camada de nuvens. Mas o escuro não impediu de ver o momento exato em que dois homes altos entraram na clareira, puxando Rachel, Jack e Tyler pelo braço. Quase instantaneamente olhei para Peter, que olhava com a pior expressão possível para onde seus pais estavam.
__Talvez você queira adiantar a nossa pequena... discussão.__Joan disse. Não consegui segurar um rosnado que subiu por minha garganta. Baixo, mas o bastante para ele ouvir__ Calma tigresa. Guarda essa fúria toda para a batalha. Você vai precisar.
__É o que você pensa.__Eu disse e minha voz saiu feroz, como nem eu mesma já tinha ouvido.
__Tudo bem, vamos as regras...
__Cada um por si.__Eu interrompi__ Nada de ajuda dos outros e nada de confrontos entre nossos aliados. Apenas eu e você.
__Parece justo. __Ele disse sorrindo. Confiante. Confiante demais por meu gosto. __ A batalha vai até que alguém desista ou tenha o pior dos fins... se é que você me entende. Se você ganhar eu abandono meu plano de dominação mundial e se eu ganhar...
__Se você ganhar eu estarei morta. __Eu disse, mas soou mais como um rugido.
__Tudo bem. dois minutos. Despeça do seu namoradinho enquanto pode.
Não respondi. Apenas me virei e fui até onde Peter estava.
__Você consegue Ashley.
__Eu espero que sim__ Eu disse o abraçando. Devo ter os dois minutos inteiro o abraçando, porque quando eu o soltei só deu tempo de Frederick dizer “Boa sorte Ashley. Eu sei que você consegue.” antes de Joan me chamar para o centro da clareira.
Tirei minha jaqueta e a larguei pelo caminho. O que me deixava apenas com o converse preto, shorts jeans que batiam no meio da coxa e um camiseta xadrez. Meu cabelo estava preso numa trança, mas minha franja chicoteava meu rosto por causa do vendo forte, que por acaso eu estava controlando.
Fazia parte do meu planinho particular.
De acordo com Frederick, as possibilidades de Joan saber que eu já sabia controlar os elementos eram mínimas, então eu devia usar isso a meus favor, a principio, sem que Joan soubesse que ela eu e então, quando ele já estivesse cansado, eu usaria o fogo e o surpreenderia.
Parei de frente para Joan, a poucos metros dele e fiz o vendo ficar mais forte, vindo de traz de mim. Frederick disse pra eu usar os elementos para parecer mais ameaçadora.
__Quando quiser. __eu disse com um sorrisinho sarcástico, tentando parecer confiante.
__Pronta? __Ele perguntou
__Sempre.
__Então declaro essa batalha oficialmente iniciada.
Mal esperei ele terminar de falar e movi o bloco e terra que estava abaixo de seus pés fazendo Joan voar a uns dez metro de altura. Depois coloquei o vendo bater contra ele o que o fez voar a uns cinqüenta metros dentro da mata.
Eu sei o que vocês devem está pensando... Eu devia ter esperado pra usar os elementos, mas eu não resisti em fazer isso! Eu tinha que ver o que ia acontecer se eu o fizesse, então simplesmente... Fiz! Simples assim! E o resultado foi melhor que o esperado. Demorou quase um minuto pra eu ouvir os passos dele se aproximarem pela mata. E quando ele apareceu, sua situação me fez rir. Sem brincadeira! Eu soltei um risinho abafado, mas foi o bastante pra ele bufar de raiva. Mas também, qualquer um riria de um cara totalmente descabelado, com a roupa toda suja e cheio de folhas e terra.
Mas a graça não durou muito, porque logo em seguida ele avançou na minha direção, mas devia estar tão zonzo por causa do tombo, que avançou quase em câmera lenta. Só precisei mover o corpo levemente para a esquerda e ele foi parar uns bons 3 metros atrás de mim. Isso seria mais fácil do que eu pensei.
Quando ele tentou me atacar de novo eu dei um chute em sua barriga, com força o bastante pra ele voar pra traz, deixando dois riscos feitos por seus sapatos na terra.


Já tinha quase me esquecido do fator “Amedrontar”. Fiz o vento voar por traz de mim novamente, sempre com o mesmo sorrisinho confiante.
Joan a essa altura já estava azul de raiva.
Dei dois passos na direção dele, que estava parado, arfante, levemente curvado por causa do chute na barriga.
O olhei de cima a baixo e quando ele tentou me acertar com um soco, tudo que eu tive que fazer foi segurar seu braço e torcê-lo como se fosse um pedaço de pano. Ele soltou um gemido de dor enquanto meu sorriso só aumentava.
Quando soltei seu braço ele cambaleou para trás e por pouco não caiu.
__Vai desistir? __Eu disse __Porque isso está fácil demais.
Foi ai que avançou sobre mim, me fazendo voar a metros de distancia, fazendo um enorme buraco na terra com meu impacto. Aquilo realmente doeu.
Eu ainda estava deitada quando ele se aproximou de mim e me acertou num chute na barriga. Aquilo doeu ainda mais.
Antes que ele me desse outro chute eu segurei a perna dele e o joguei pra longe , depois fiquei de pé, com um pouco de esforço. Eu devia estar quase pegando fogo porque eu nunca senti tanta raiva de alguém em toda a minha vida. O vendo começou a soprar com tanta força que a terra que havia se acumulado perto do buraco que meu corpo havia feito começou a voar para todos os lados.
Dessa vez não perdoei. Avancei nele com toda a força e acertei soco depois de soco naquela cara lavada dele.
Me afastei um pouco quando notei que seu nariz estava sangrando. Então fiz aquilo que sempre quis fazer: Acertei um chute com toda a força nas partes baixas dele. Ele se contorceu todo e caiu no chão. Não hesitei em repetir minha primeira manobra, fazendo com que um enorme bloco de terra o empurrasse para cima, mas dessa vez não usei o vento, apenas esperei que ele caísse com força na clareira. Ele não se moveu, apenas ficou lá, jogado no chão, com os olhos bem arregalados, arfando. Então fiz uma coisa um tanto divertida. Algo que eu queria faze dês do inicio mas tinha que esperar a hora certa.
Mandei todo o calor do meu corpo para a ponta dos meus dedos e logo minhas mãos estavam em chamas. Dei uma leve gargalhadinha maléfica e disse:
__Você ainda pode desistir.
Ele me olhava com os olhos mais esbugalhados que eu já vi.
__Isso é impossível!__Ele disse, e sua voz saiu esganiçada __Como você pode...
__NUNCA me subestime Joan. Você acha mesmo que eu teria te desafiado se não tivesse certeza de que ia ganhar? Eu não sou esse tipo de garota Joan.
Ele não respondeu nada, apenas continuou me olhando com aquela cara de desespero.
Aquele sorrisinho confiante já quase não era mais só atuação, porque eu estava percebendo que Joan estava mesmo arrependido de me enfrentar...
Foi ai que eu vi que Joan não estava mais no chão, e muito menos a poucos centímetros de mim.
Ele tinha me enrolado! Queria que eu pensasse que ele estava prestes a desistir e conseguir tempo para se recuperar. Quando eu fui ver ele já havia me acertado por traz, bem nas costas, me fazendo cair pra frente. Eu teria metido a cara no chão se eu não tivesse apoiado as mãos no chão com meu rosto a poucos centímetros do chão.
Dei impulso com os braços e fiquei de pé novamente, aquele sorrisinho sumindo do meu rosto de vez. Eu realmente não queria sorrir, porque eu estava com raiva, muita raiva. Me virei de frente para Joan soltando um rosnado baixo.
Depois disso eu duvido que alguém pudesse ver o que estava acontecendo e quem estava ganhando, porque eu e Joan no atracamos exatamente no mesmo instante e a batalha começou de verdade. Eu desviava dos chutes e socos com a mesma freqüência com que eu dava.
Estava empatado. Ninguém estava na vantagem até que eu resolvi acabar com aquilo de uma vez. Acertei um soco na barriga de Joan com toda a força que eu consegui fazendo com que ele voasse para traz e batesse com força numa arvore, que fez um estrondo e depois caiu, expondo as raízes.

Quando Joan se levantou e veio mancando na minha direção, minhas mãos na estavam em chamas, chamar que eu comecei a atirar nele. Ele conseguiu desviar das três primeiras mas a quarta o acertou, fazendo sua blusa ficar em chamas. Ele tentava a apagar as chamas desesperadamente, mais não eu não o poupei o bastante para isso, apenas fiz com que as chamas tomassem conta de todo o seu corpo. Eu realmente não queria saber o que aconteceria as seguir, e a raiva foi maior que a pena, então eu simplesmente abri um buraco no chão, que engoliu seu corpo em chamas e se fechou antes que eu pudesse notar o quando ele já estava queimado.
Um silencio mortal tomou conta da clareira. Fiquei olhando para o nada, sem conseguir me mexer, por alguns segundos, que pra mim, parecerem horas. Foi ai que meus joelhos cederam e eu caí, ajoelhada. Algumas lágrimas escorreram por eu rosto.
Eu tinha mesmo feito aquilo? Eu tinha mesmo tirado uma vida... Por mais que essa vida fosse de alguém que realmente não devia viver?
Foi então que eu senti dois braços aconchegantes me abraçarem por traz.
__Você fez o que tinha que ser feito__ Peter disse em meu ouvido __Acabou.
Sequei meu rosto com as mãos e depois Peter me ajudou a ficar de pé.
Eu estava dolorida e havia um corte na minha testa.
Me levantei e Peter me puxou para onde Frederick estava. Digo, tentou puxar, porque eu não me movi. Ao invés disso, eu o abracei e depois o beijei. Um beijo de alivio, daqueles que tem no fim dos filmes, quando os mocinhos vêem que tudo acabou, que eles podem seguir sua vida normalmente.
Mas eu não tinha tanta certeza quanto a parte de viver a vida normalmente.

Capítulo 12

Chantagem

No instante em que ouvi aquela voz meu coração disparou e eu gelei (se me permite a ironia)
__Quem é? __Peter perguntou, mas não deu tempo de ninguém responder pois o telefone já estava nas minhas mãos.
__Por favor, não faça nada com Rachel e Jack!__Eu disse, desesperada
__Ah, minha cara __Joan disse do outro lado da linha__ eu não farei. Basta você cooperar.
__O que você quer?__Eu perguntei, tremula. Peter me olhava, confuso
__Você sabe o que eu quero.
__Outra coisa. O que mais você quer pra que você pare de me perseguir e deixe eles em paz?
__Am ... Deixe-me pensar... Uma grande quantia em dinheiro pode ser bom.
__Quanto?
__$50.000,00.
Ótimo! Eu tinha isso, mas só que era pra comprar meu carro! Mas minha sanidade vale mais que um carro.
__Se eu tiver você para de me atormentar, e aos outros?
__Talvez...
__Eu quero uma garantia.
__Me de o dinheiro e... quero que faça uma coisinha pra mim.
__O que?__Eu disse com os dentes trincados, tentando controlar a raiva que estava tomando o lugar do medo.
__Quero que você faça algo com alguém por mim. Algo que eu quero fazer a muito tempo, mas prefiro não sujar a minhas mãos.
__Diz logo o que é! __Eu gritei, a raiva me consumindo
__Calma minha cara! Eu vou dizer. É algo bem fácil, pra você pelo menos... sem mais delongas, quero que mate o Doutor Frederick Millan.
Foi ai que meu coração parou. Digo, senti como se ele parasse, senti minhas pernas tremerem e senti um suor gelado descer por meu rosto.
__Eu não vou fazer isso!
__Ah... você vai sim, pelo seu bem, do seu namoradinho, da sua família e da família dele.
__Eu não vou meter ninguém mais nisso. Sugiro algo melhor, que inclui apenas nós dois. Uma luta, na clareira, meia noite.
__Por mim tudo bem.
__Não vale ajuda. É só você contra eu. Nada da ajuda dos seus capangas. __Ouve um longo silencio, que eu mesma interrompi __O que Joan? Vai amarelar, é?__Eu disse com um tom sarcástico, mas na verdade eu estava nervosa.
__Não, não vou. Me encontre na clareira a meia noite. Combinaremos as regras lá. Vou levar seus queridos sogros e seu cunhadinho também, então é melhor não se atrasar. Melhor pra você e melhor pra eles também.
__Estarei lá. __E desliguei. Acho que com um pouco de força de mais, pois telefone se partiu ao meio.
Fiquei um tempo olhando para as minhas mãos, sem palavras, até que um abraço aconchegante me consolou. Tinha me esquecido completamente dele. Passei meus braços em volta dele e escondi meu rosto em seu pescoço.
Agora já estava feito. Eu ia enfrentá-lo e ia vencê-lo.
__Era ele, não era? __Peter perguntou. Eu apenas assenti com a cabeça. __E você vai enfrentá-lo. Não vou dizer que eu gosto disso mas... o que foi que ele disse, antes de você propor uma batalha.
__Ele queria $50.000,00 e queria que eu... que eu matasse o Dtr. Frederick.
__Então você fez a escolha certa. Eu estaria extremamente preocupado se eu não soubesse que você é muito mais forte que ele.
__Acho que eu também não teria proposto. Ele esta com seus pais Peter. E seu irmão.
Peter só deu um longo suspiro e permaneceu em silêncio. Como nós ainda estávamos abraçados, eu não pude ver sua expressão, mas ele parecia tenso.
Seguimos para a biblioteca, onde Frederick procurava algo em um livro grosso.
Explicamos tudo a ele e ele disse que íamos partir as 9 da noite e chegaríamos no mínimo meia hora antes na clareira.
Frederick disse que devíamos treinar os outros elementos. Ele disse que os outros eram mais fáceis. Me perguntava como ele sabia tanto sobre como me treinar. Os livros não podiam conter todas essas informações. Resolvi perguntar a ele:
__Frederick, se me permite a pergunta, mas... Como você tanto sobre como controlar os elementos assim?
__Meu pai era como você Ashley. Ele também era um Elementar e me eu assistia ele treinar quando era pequeno. Ele morreu um pouco antes de você nascer... em uma emboscada com Joan. Joan era mais novo mas tinha muitos capangas. Eles o cercaram e Joan disse para ele se juntar a eles. Meu pai, obviamente, negou, então Joan disse que se os poderes do meu pai não podiam ser usado a seu favor, que eles não seriam usados pra mais nada. Então o matou. Mas ele não conhecia as lendas. Não fazia idéia de que era uma questão de meses para outro como o meu pai nascer. Você.
Realmente terra e ar eram mais fáceis.
Controlar a terra era como... Como se existissem cordas amarradas as minhas mãos e de algum maneira à terra. Eu só tinha que me concentrar e fazer com que o peso que estava preso as minhas mãos se erguessem.
Depois de algumas tentativas, consegui fazer com que dois blocos de terra se mantivessem no ar por 30 segundos.
Depois de algumas repetições, passei para o ar, que com certeza era o mais fácil de todos. Eu só precisava de concentração. A brisa se movia em volta de mim com leveza, seguindo o comando de minhas mãos.
Frederick disse que com o tempo eu não precisaria mais usar as mãos, não só no ar, como nos outros elementos.
Treinamos por mais ou menos uma hora e meia, o que me deixou bem cansada.
Frederick recomendou que eu me deitasse e foi preparar o almoço.
Eu fui para o quarto de visitas (que por acaso era uma graça) e Peter me seguiu.
Me deitei na larga cama cor de rosa, minha cabeça afundando nos travesseiros fofos. Peter se recostou ao meu lado.
Meus olhos fecharam sem meu comando. Senti Peter acariciar meu cabelo. A principio pensei que não fosse conseguir dormir, mas como a cansaço era maior que a ansiedade, em menos de um minuto eu já havia apagado.
Acordei com algumas vozes dentro do quarto. Eram sussurradas, mas era o bastante pra me acordar. Esfreguei meus olhos antes mesmo de abri-los e soltei um longo bocejo.
Parei de esfregar os olhos logo que ouvi alguns passos se aproximando e depois senti alguém se sentar ao meu lado na beirada da cama. Abri os olhos.
Peter me olhava com um leve sorriso nos lábios, mas o sorriso não chegava a seus olhos. Ele afagou meu rosto com a ponta dos dedos. Eu não disse nada, com medo de como minha voz ia sair.
__É melhor você comer agora Ashley. __Frederick disse de perto da porta.. __Já são 4 horas. __ Olhei para ele e assenti com a cabeça.
__Nós já comemos. __Peter me informou
Levantei-me rápido e segui Frederick até a cozinha branca. Ele preparou um sanduíche reforçado pra mim e um copo de suco.
Comi em silencio, tentando me concentrar apenas naquele delicioso sanduíche.
Peter não tirou os olhos de mim enquanto eu comia.
__Nervosa? __Peter perguntou quando Frederick saiu da cozinha.
__Claro.__Eu disse, soando como se fosse óbvio, o que era.
__Você consegue Ash. Eu não deixaria você lutar se não tivesse certeza disso.
Ash... era a primeira vez que ele me chamava assim.
__Mesmo que eu não fosse eu não precisaria que você deixasse Pett. __Eu disse, também era a primeira vez que eu o chamava de Pett.
Ele apenas sorriu.
Terminei de comer e fui para a varanda. Eu ia treinar mais, não importava se eu ficasse cansada. Se ficasse eu dormiria no carro a caminho de Cursmell.
Peter me seguiu e se sentou novamente no banco. A bacia d’água ainda estava lá, onde Frederick havia deixado. Fechei os olhos e mandei o calor para as mãos que inflamaram mais rápido dessa vez. Atirei bolas de fogo na água, seguidamente, despejando toda minha raiva. Quando notei que toda a água havia evaporado, parei, ofegante, e deixei meu corpo cair. Deitei-me no gramado e fiquei olhando para o céu, que já estava escurecendo.
Ouvi Peter se aproximar a se sentar ao meu lado, minha respiração ainda instável.
__Se você fizer assim hoje a noite, Joan não vai durar nem um minuto.
Eu tive que rir com esse comentário, mais minha risada não durou muito, porque quando eu vi, eu estava chorando.
Sentei-me rápido tentando secar as lagrimas que encharcavam meu rosto, mas Peter me puxou para junto dele. Ninguém disse nada, ele só afagava meus cabelos quanto minhas lagrimas encharcavam sua camisa.
Eu sei que eu podia fazer isso... se Joan cumprisse o trato e lutasse sem ajuda. Mas Joan não parece o tipo que cumpre tratos, o que me deixava bem mais que preocupada.
Medo, raiva, arrependimento... Eu sentia tudo isso ao mesmo tempo. Não sei como Peter estava agüentando, porque eu devia estar mais quente que nunca.
__Olha Ashley... __Peter começou a falar, quando meus soluços já haviam quase cessado __ eu sei que você está preocupada mais...
__Peter... __Eu interrompi, saindo se seus braços e o olhando nos olhos__ eu estou arrependida de ter metido você e sua família nessa história. Mas agora não da pra voltar atrás. Então eu quero que você me prometa uma coisa.
__Qualquer coisa.
__Logo que tiver a oportunidade, fuja e leve Rachel, Jack e Tyler.
__Eu não vou te deixar sozinha.
__Peter, acredite, vai ser melhor pra mim... e pra vocês claro. Se você quer mesmo me ajudar, faça isso. Por favor.
__Tudo bem. Eu vou fazer.
__Obrigada.__Eu disse o abraçando novamente.
Isso me deixava mais calma. Saber que eles estariam a salvo já alimentavam as chances de eu ganhar.

Capítulo 11

Treinamento

Parei na frente da casa. Só havia estado duas vezes, mas mesmo assim, me sentia em casa.
Atravessei o pequeno jardim e parei em frente à porta de vidro. Eu não deveria bater a campainha, certo? Eu não queria acordar a casa toda. Só uma pessoa.
Olhei para cima e vi que a janela de seu quarto estava aberta. Ótimo.
A rua estava deserta, então eu poderia “escalar” a parede sem levantar suspeitas.
Fui até uma das arvores próximas à janela e a escalei com facilidade. Depois foi fácil me esticar e alcançar a janela aberta.
Dentro do quarto estava ainda mais silencioso. Apenas a minha respiração e a dele quebrava o silencio.
Segui até sua cama.
Ele ficava inda mais lindo dormindo.
Peter. MEU Peter.
Eu não podia colocá-lo em perigo assim. Não podia!
Meus joelhos cederam e eu caí ajoelhada, ao lado da cama. Um soluço saiu de minha garganta e uma lagrima escorreu por meu rosto.
Fiquei ali, soluçando, afagando seu rosto com a posta dos dedos. E ele dormia.
Eu não podia! Não podia!
Me debrucei sobre a cama e escondi meu rosto em meu braços. Por mais que eu tentasse abafá-los, os soluços ficavam cada vez mais altos.
Me lembrei de minha breve conversa com Joan. Um breve momento que pra mim foi como horas. Desesperei-me ainda mais.
Ele viria atrás de mim!
Um soluço, o mais alto de todos, saiu pela minha garganta. Senti Peter se mexer mas não levantei o rosto. Ele ainda devia estar dormindo.
__A- Ashley?! __Ouvi sua voz soar na minha frente, mais rouca que o habitual. Levantei o rosto e olhei seus olhos azuis, semi-serrador por causa da luz que entrava pela janela.
__Ashley... você está chorando.
Fiz que não com a cabeça e enxuguei meu rosto com as costas da mão.
__É claro que você está chorando Ashley.
Então eu não resisti. Meu joguei nele e o abracei, enterrando meu rosto em seu pescoço e deixando que as lagrimas escorressem livremente, molhando sua camiseta.
__O que foi?! __Ele perguntou preocupado. __ Me diz. O que foi?!
__J- Joan!__Eu disse, soluçando.
__Quem é Joan?
__Aque-le ho-mem, que es-tava me seguin-do __Eu disse, entre soluços.
__O que?! __Ele disse me afastando e olhando nos meus olhos. Ficamos nos olhando por um longo tempo, ele com uma expressão perplexa e eu ainda soluçando, mas não tanto quando antes. __ O que ele quer Ashley? __Ele perguntou, quase num sussurro.
Respirei fundo, enxuguei os olhos com as costas da mão, respirei fundo e respondi bem devagar:
__Ele disse alguma coisa sobre, dominação mundial. Disse que queria que eu me juntasse a ele e que eu era a Anymalius mais forte que ele já viu.
Como ele continuou em silencio, me encarando com aquela expressão perplexa, eu continuei:
__Eu disse que não me juntaria a ele então os capangas grandões dele saíram de dentro da mata e vieram pra cima de mim, mas eu corri e consegui despistá-los, mas eu fiz a maior idiotice, vindo até aqui, porque agora eles vão seguir meu rastro até aqui e te machucar! E eu não devia ter te metido nessa história!
__Você fez a coisa certa Ashley.
__Não, eu não fiz. Você não entende Peter! Eles são muitos! E mesmo eu sendo tão forte quanto eles pensam eu não vou conseguir me proteger, quanto menos te proteger!
__Ashley... __Ele ia dizer alguma coisa, mas ao invés disso, respirou fundo, olhou pra baixo por alguns instantes e depois se pois de pé. __Use o truque de Joan contra ele!
__O que?!
__Olha, vamos fazer o seguinte, eu vou de carro até a rodovia e te espero em um lugar combinado, você cria uma trilha pela mata que de onde o carro está parado e entra no carro e nós vamos pra bem longe.
__E o que a gente faz depois?
__Não sei! Tem algum jeito de disfarçar seu cheiro?
__Sim. Acho que seu eu passar bastante perfume e colocar roupas de uma pessoa que eles não conhecem o cheiro... pode ser que de pra despistá-los.
Ele abriu seu armário e tirou algumas roupas.
__Eles conhecem seu cheiro Peter. __Eu disse
__São pra mim!
__Exatamente. As roupas do seu pai te servem?
__Servem.
__E as da sua mãe me servem?
__Acho que sim.
__Ótimo. Só precisamos de perfume.

O plano era o seguinte:
Eu iria fazer uma trilha longa pela mata e me encontro com Peter perto do mirante. Nós vamos de carro até Carmel e lá trocamos de roupa e ficamos até as coisas se acalmarem.
Quando ele já estava vestido e com as “malas” feitas, fomos até o carro. Eram um pouco mais de seis horas, e os pais de Peter iriam acordar logo.
__Ok. A gente se encontra perto do mirante. __Eu disse enquanto ele guardava a mochila no banco de trás.
__Certo.__Ele disse, ainda de costas, depois se virou pra mim e me olhou nos olhos.__Boa sorte __Depois ele me puxou e me beijou. Um beijo de despedida. Não durou nem 20 segundos, porque depois ele me afastou, me olhou nos olhos e disse __É melhor você ir logo.
Apenas acenei com a cabeça e disparei em direção a mata.
Durante todo o percurso eu fiquei atenta a todos os cheiros e sons.
Fiz um longo desvio e deixei o caminho bem longo. Por um momento jurei estar sendo seguida. Até senti os cheiros.
Acelerei bruscamente e eles ficaram pra trás.
Peter estava me esperando exatamente onde havíamos combinado, o carro ligado.
Pulei para dentro do carro e disse:
__Vamos.
Ele não respondeu, apenas acelerou e em mais ou menos uma hora, estávamos e Carmel.
Eu não tinha idéia do que faríamos por aqui, só sei que ficaríamos até as coisas se acalmarem ou até que eles viessem atrás de mim. Primeiro paramos em um charmoso café para comer, afinal, não tínhamos comido nada. Como a mesada do meu querido namorado não era nada baixa deu pra comermos bem. Não fazia idéia de onde ficaríamos, mas com certeza Peter podia pagar por uma noite numa pousada qualquer. Eu não queria que ele fizesse isso. Insisti que eu pagaria por estar causando tanto problema a ele e ele disse que eu não tinha que pagar coisa nenhuma. Estávamos lá, comendo nossas panquecas, sentados na mesa de café, eu de óculos escuros, já que minhas lentes haviam virado pó mais ou menos no momentos em que comecei a correr. Comíamos em silencio.Notei alguns olhares em mim. Por mais que fosse normal usar óculos escuros em Carmel, notei que não era exatamente comum usá-los num lugar fechado em um dos raros dias com nuvens em Carmel. __Ashley. __Peter sussurrou depois de muitos minutos de silencio __Não olhe agora, mas tem um cara ali que está te encarando dês de que chegamos.Não obedeci ao comando de Peter e imediatamente me virei e me deparei com um rosto conhecido. Não sabia quem era, mas sabia que o conhecia.__Eu conheço esse cara!__Eu disse, e isso não era bem um sussurro.__Mas não me lembro de onde. __Ele está vindo pra cá. __Peter sussurrou. Vi o senhor se aproximar de nossa mesa. Ele devia ter uns sessenta e tantos anos e tinha os cabelos grisalhos e uma barba curta.Ele parou ao lado de nossa mesa e disse:__Você não seria Ashley Greece? Seria? __Sim. Sou eu. __Eu respondi, confusa__Desculpe, mas não pude deixar de ouvir sua conversa.__Mais como...? Quem seria o senhor.__Dtr. Frederick Millan. Sua mãe procurou minha ajuda quando você era pequena.__Você!__Eu exclamei, por algum motivo sentindo grande felicidade! __Eu não disse Peter?! Eu sabia que o conhecia de algum lugar!
__Você!__Eu exclamei, por algum motivo sentindo grande felicidade! __Eu não disse Peter?! Eu sabia que o conhecia de algum lugar!Notando como Frederick olhava para Peter, eu disse:__Oh! Me desculpe Dtr. Millan! Esse é meu namorado, Peter Gardson.__É um prazer conhecê-lo rapaz. __ Frederick disse, estendendo a mão para Peter, que respondeu ao gesto, silenciosamente. __E por favor, Ashley, me chame de Frederick.__Sim doutor... quero dizer, Frederick. __Me corrigi__Mas Ashley... __Frederick disse, olhando para Peter __Ele também...?__Não senhor, ele não é um de nós. Mas ele sabe de tudo.__Oh! Claro, claro! __Peter permanecia em silencio __Mas o que os trás a Carmel? Você não morava em Cursmell?__Estamos fugindo. __Peter finalmente disse alguma coisa__Peter, não vamos envolver Frederick nisso. Por favor.__Fugindo?! __Frederick exclamou, espantado __ De quem?__Joan Grambonny. __Peter respondeu, me desobedecendo__Peter! __Eu o apreendi__Ah não! Ele não! __Frederick exclamou preocupado. __Esse homem é a treva! Por favor, deixe-me ajudá-los! Podem ficar em minha casa se quiserem! __Por favor Frederick, __Eu disse negando __Não posso colocar você em perigo também.
__Eu já estou em perigo! Olha, não podemos conversar aqui. Venham a minha casa e eu lhes explico tudo.
Peter deixou uma nota de 20 sobre a mesa e nós seguimos Frederick até seu carro.
Sua casa era muito bonita, tinha dois andares, era branca e tinha um charmoso jardim.
A decoração era de classe.
Seguimos até um lugar que devia funcionar como uma biblioteca particular, pela quantidade de livros.
__Por favor, sentem-se. __Frederick pediu
Nos sentamos em um sofá de dois lugares. Frederick foi até uma das estantes e procurou por um livro.
Depois se sentou em uma poltrona perto de nós, com o grosso livro nas mãos.
__Ashley, __Frederick disse, enquanto procurava algo no livro.__ você sabe por que é tão poderosa?
__Eu estou tentando responder essa pergunta dês de que Joan disse que eu era o Anymalius mais forte que ele já viu.
__Você não é só a mais poderosa que ele já viu Ashley. __Ele disse parando em uma determinada pagina e me entregando o livro. __Leia o que diz nessa pagina querida.
Hesitei por um momento e depois meus olhos seguiram para o começo da pagina.
“Diz a lenda, que existem aqueles chamados Anymalius – Elementares. Existe apenas um por vez em todo o mundo e sempre que um morre, imediatamente nasce outro.
“Os Elementares são sempre mais fortes e mais rápidos que os outros Anymalius mas o que os tornam tão diferentes dos outros não é só isso. Eles também podem controlar os elementos. Terra, Água , Ar e Fogo. Esses poderes amadurecem quando o Anymalius chega a puberdade.
“Os filhos de Elementares sempre serão Anymalius, mas Anymalius com habilidades comuns.”
Logo abaixo havia uma ilustração. Um homem com roupas medievais e olhos amarelos, em torno dele flutuavam água, terra, ar e fogo.
Fiquei olhando para aquilo, abismada.
__Não. Não pode ser! __Eu exclamei, ainda com os olhos na foto.
__Você pode fazer isso Ashley? __Peter perguntou, Provavelmente havia lido aquilo também.
__Não que eu saiba. __Eu respondi, praticamente num sussurro.
__Exatamente. __Frederick disse __ Agora que você sabe, tem que aprender a controlar.
__Isso não é possível! Eu nunca... nunca... espera, o meu corpo se aquece sempre que eu fico nervosa. Isso tem alguma coisa a ver?
__Fogo. O seu corpo se aquece facilitando que você produza fogo. Quando você está calma é necessário muito mais concentração.
__Entendi. Podemos começar a praticar agora? __ Eu perguntei impaciente. __Acho que já estou nervosa o bastante pra tornar isso mais fácil.
__Não tenho duvida disso. __Peter disse, tirando o braço que estava sobre meus ombros. __ Você fica cada vez mais quente!
__Venham, tem bastante espaço lá nos fundos. __Frederick disse, nos guiando para os fundos da casa. Era um espaço bem grande, do tamanho de uma quadra de vôlei. Frederick recomendou que Peter não ficasse muito perto, então ele se sentou num banco perto da porta.
Eu e Frederick fomos para o centro do gramado.
__Feche os olhos e concentre-se. __Ele disse e eu obedeci. __ Mande todo o calor do seu corpo para suas mãos. Apenas suas mãos. __Fiz o que ele mandou. Senti minhas mãos se esquentarem e depois senti cheiro de fumaça. __ Você está quase lá Ashley. Já conseguiu faze fumaça. Faça o seguinte: leve todo o calor do seu corpo para a ponta dos dedos. __ Me concentrei ainda mais e senti meus dedos se aquecerem aos poucos. Senti o cheiro de fumaça novamente, só que muito mais forte e ouvi o barulho do fogo. Imediatamente abri os olhos e olhei pras minhas mãos. Foi o suficiente para eu ver o fogo nas pontas dos meus dedos, se apagar.
__Muito bom Ashley!!__Frederick disse. Olhei a expressão de Peter, ele estava impressionado, sorrindo pra mim.__Vamos tentar mais uma vez, mas quando for abrir os olhos, mantenha o calor nos seus dedos. Certo?__Certo. __Eu respondi, fechando os olhos novamente. A principio foi tudo como antes, senti meus dedos se aquecerem e ouvi o barulho do fogo, mas antes de abrir os olhos novamente, tentei mandar mais calor para as minhas mãos. Senti o fogo aumentar e cobrir minhas duas mãos. Fiquei assim por alguns instantes e fui, lentamente, abrindo os olhos, mantendo o calor em minhas mãos. Levantei minhas mãos flamejantes na frente do meu corpo, com as palmas viradas pra mim. __Excelente! __Frederick disse, num sussurro.__Mantenha as chamas em suas mãos. Volto em um minuto. __E disparou para dentro da casa. Não demorou nem meio minuto pra voltar, carregando uma bacia de metal, cheia de água. A colocou na minha frente, a uns 4 metros de distancia.__Agora tente lançar as chamas dentro da bacia. Assenti com a cabeça e respirei fundo. Concentrei-me no objeto metálico na minha frente. Levantei meu braço direito e o movi, como se fosse jogar uma bola de basebol. O fogo em minha mão voou até a bacia e fez um som baixo quando se apagou na água, fazendo fumaça.
__Nunca imaginei que você prenderia tão rápido! __Frederick disse, vindo até onde eu estava. __Agora temos que tentar os outros elementos.
Frederick pegou a bacia e a trouxe pra mais perto de mim.
__Agora tente controlar a água. __Ele disse __Pra isso você terá que ficar de olhos abertos. Olhe bem para a água e concentre-se, depois tire-a da bacia, usando as mãos, mais sem tocar na água.
Por um momento eu não fazia idéia de como fazer aquilo, mas então, ao olhar pra água, senti como se ela estivesse de alguma maneira, presa a mim. Coloquei meu breco esticado, na frente do meu corpo, a palma da mão virada pra baixo e fui o levantando. Senti uma leve pressão na minha mão e depois vi a água se levantar da bacia, aos poucos, como um redemoinho, depois parei de mover o braço, mas a água continuou a subir, até se moldar a minha mão.
__Bom. __Frederick disse __Agora quero que faça como fez com o fogo. Lance a água de volta a bacia.
Dei alguns paços pra traz, foquei a bacia e depois repeti o movimento que havia feito com o fogo, vendo a água voar como uma bola e se espatifar contra a água que havia sobrado na bacia.
Algumas gotas caíram no meu rosto e na minha blusa, quero dizer, na blusa de Rachel.
__Realmente impressionante!__Frederick disse __Mas chega por enquanto. Descanse um pouco e depois tentamos os outros elementos.
__Tudo bem. __Eu disse, me virando e indo na direção de Peter, que estava vindo em meu encontro.__O que achou?
__Fascinante. __Peter respondeu
__Só isso?!__Eu perguntei, fazendo beicinho
__Fascinante, inacreditável, inacreditável... Esqueci algum adjetivo?
__Acho que só esse já está bom.
Fomos pra dentro da casa e Frederick disse que eu podia usar o telefone e o computador se precisasse falar com alguém.
Corri para o telefone e digitei o número da minha casa. Chamou duas vezes e então a voz desesperada da minha mãe atendeu:
__Alô?
__Mãe! Oi é a Ashley! __Eu disse, tentando parecer o mais calma possível.
__Ashley! Ashley minha filha! Onde você está?!
__Eu estou em Carmel mãe. Eu, o Peter e o doutor Frederick Millan. Aquele que você procurou quando eu era pequena.
__O que você está fazendo ai minha filha?!
__Olha mãe, não é nada, só que começaram a acontecer algumas coisas estranhas comigo e eu vim atrás do doutor! Eu posso controlar os quatro elementos mãe! É por isso que meu corpo esquenta tanto quando eu fico nervosa!
__Ah minha filha! Eu fiquei tão preocupada! Nem falei nada com seu pai, não queria deixá-lo nervoso. Olha, eu estou indo para aí viu?
__Não mãe! __Eu quase gritei __Não venha. Fique ai. Eu não demoro Ok?!
__Promete?
__Eu não posso garantir, mas vou fazer o possível. Olha, não conte nada pro meu pai Ok?
__Tudo bem filha. Eu te amo.
__Eu também te amo mãe. __E desliguei. Peter que estava ao meu lado parecia preocupado.
__Você tem o que mentir para a sua mãe, mas o que eu vou falar para a minha?__Peter disse
__Diga que... você precisou vir pra cá comigo, mas dia que já está tudo sobre controle. Diga que foi uma emergência médica e diga pra eles não falarem nada pro meu pão ok?
__Tudo bem... Mas que tipo de emergência médica?
__Diga que eu, me machuquei e pedi que você viesse me encontrar em Carmel, diga que eu estou com a minha mãe. Ah! Diga que eu vim pra cá por que o meu médico estava aqui e não tinha tempo de procurar outro.
__Acha que vai funcionar?
__Não custa nada tentar.
Peter discou o número chamou uma vez, então uma voz masculina atendeu, mas não era a voz do pai de Peter e eu sabia muito bem de quem era essa voz.

Capítulo 11

Treinamento

Parei na frente da casa. Só havia estado duas vezes, mas mesmo assim, me sentia em casa.
Atravessei o pequeno jardim e parei em frente à porta de vidro. Eu não deveria bater a campainha, certo? Eu não queria acordar a casa toda. Só uma pessoa.
Olhei para cima e vi que a janela de seu quarto estava aberta. Ótimo.
A rua estava deserta, então eu poderia “escalar” a parede sem levantar suspeitas.
Fui até uma das arvores próximas à janela e a escalei com facilidade. Depois foi fácil me esticar e alcançar a janela aberta.
Dentro do quarto estava ainda mais silencioso. Apenas a minha respiração e a dele quebrava o silencio.
Segui até sua cama.
Ele ficava inda mais lindo dormindo.
Peter. MEU Peter.
Eu não podia colocá-lo em perigo assim. Não podia!
Meus joelhos cederam e eu caí ajoelhada, ao lado da cama. Um soluço saiu de minha garganta e uma lagrima escorreu por meu rosto.
Fiquei ali, soluçando, afagando seu rosto com a posta dos dedos. E ele dormia.
Eu não podia! Não podia!
Me debrucei sobre a cama e escondi meu rosto em meu braços. Por mais que eu tentasse abafá-los, os soluços ficavam cada vez mais altos.
Me lembrei de minha breve conversa com Joan. Um breve momento que pra mim foi como horas. Desesperei-me ainda mais.
Ele viria atrás de mim!
Um soluço, o mais alto de todos, saiu pela minha garganta. Senti Peter se mexer mas não levantei o rosto. Ele ainda devia estar dormindo.
__A- Ashley?! __Ouvi sua voz soar na minha frente, mais rouca que o habitual. Levantei o rosto e olhei seus olhos azuis, semi-serrador por causa da luz que entrava pela janela.
__Ashley... você está chorando.
Fiz que não com a cabeça e enxuguei meu rosto com as costas da mão.
__É claro que você está chorando Ashley.
Então eu não resisti. Meu joguei nele e o abracei, enterrando meu rosto em seu pescoço e deixando que as lagrimas escorressem livremente, molhando sua camiseta.
__O que foi?! __Ele perguntou preocupado. __ Me diz. O que foi?!
__J- Joan!__Eu disse, soluçando.
__Quem é Joan?
__Aque-le ho-mem, que es-tava me seguin-do __Eu disse, entre soluços.
__O que?! __Ele disse me afastando e olhando nos meus olhos. Ficamos nos olhando por um longo tempo, ele com uma expressão perplexa e eu ainda soluçando, mas não tanto quando antes. __ O que ele quer Ashley? __Ele perguntou, quase num sussurro.
Respirei fundo, enxuguei os olhos com as costas da mão, respirei fundo e respondi bem devagar:
__Ele disse alguma coisa sobre, dominação mundial. Disse que queria que eu me juntasse a ele e que eu era a Anymalius mais forte que ele já viu.
Como ele continuou em silencio, me encarando com aquela expressão perplexa, eu continuei:
__Eu disse que não me juntaria a ele então os capangas grandões dele saíram de dentro da mata e vieram pra cima de mim, mas eu corri e consegui despistá-los, mas eu fiz a maior idiotice, vindo até aqui, porque agora eles vão seguir meu rastro até aqui e te machucar! E eu não devia ter te metido nessa história!
__Você fez a coisa certa Ashley.
__Não, eu não fiz. Você não entende Peter! Eles são muitos! E mesmo eu sendo tão forte quanto eles pensam eu não vou conseguir me proteger, quanto menos te proteger!
__Ashley... __Ele ia dizer alguma coisa, mas ao invés disso, respirou fundo, olhou pra baixo por alguns instantes e depois se pois de pé. __Use o truque de Joan contra ele!
__O que?!
__Olha, vamos fazer o seguinte, eu vou de carro até a rodovia e te espero em um lugar combinado, você cria uma trilha pela mata que de onde o carro está parado e entra no carro e nós vamos pra bem longe.
__E o que a gente faz depois?
__Não sei! Tem algum jeito de disfarçar seu cheiro?
__Sim. Acho que seu eu passar bastante perfume e colocar roupas de uma pessoa que eles não conhecem o cheiro... pode ser que de pra despistá-los.
Ele abriu seu armário e tirou algumas roupas.
__Eles conhecem seu cheiro Peter. __Eu disse
__São pra mim!
__Exatamente. As roupas do seu pai te servem?
__Servem.
__E as da sua mãe me servem?
__Acho que sim.
__Ótimo. Só precisamos de perfume.

O plano era o seguinte:
Eu iria fazer uma trilha longa pela mata e me encontro com Peter perto do mirante. Nós vamos de carro até Carmel e lá trocamos de roupa e ficamos até as coisas se acalmarem.
Quando ele já estava vestido e com as “malas” feitas, fomos até o carro. Eram um pouco mais de seis horas, e os pais de Peter iriam acordar logo.
__Ok. A gente se encontra perto do mirante. __Eu disse enquanto ele guardava a mochila no banco de trás.
__Certo.__Ele disse, ainda de costas, depois se virou pra mim e me olhou nos olhos.__Boa sorte __Depois ele me puxou e me beijou. Um beijo de despedida. Não durou nem 20 segundos, porque depois ele me afastou, me olhou nos olhos e disse __É melhor você ir logo.
Apenas acenei com a cabeça e disparei em direção a mata.
Durante todo o percurso eu fiquei atenta a todos os cheiros e sons.
Fiz um longo desvio e deixei o caminho bem longo. Por um momento jurei estar sendo seguida. Até senti os cheiros.
Acelerei bruscamente e eles ficaram pra trás.
Peter estava me esperando exatamente onde havíamos combinado, o carro ligado.
Pulei para dentro do carro e disse:
__Vamos.
Ele não respondeu, apenas acelerou e em mais ou menos uma hora, estávamos e Carmel.
Eu não tinha idéia do que faríamos por aqui, só sei que ficaríamos até as coisas se acalmarem ou até que eles viessem atrás de mim. Primeiro paramos em um charmoso café para comer, afinal, não tínhamos comido nada. Como a mesada do meu querido namorado não era nada baixa deu pra comermos bem. Não fazia idéia de onde ficaríamos, mas com certeza Peter podia pagar por uma noite numa pousada qualquer. Eu não queria que ele fizesse isso. Insisti que eu pagaria por estar causando tanto problema a ele e ele disse que eu não tinha que pagar coisa nenhuma. Estávamos lá, comendo nossas panquecas, sentados na mesa de café, eu de óculos escuros, já que minhas lentes haviam virado pó mais ou menos no momentos em que comecei a correr. Comíamos em silencio.Notei alguns olhares em mim. Por mais que fosse normal usar óculos escuros em Carmel, notei que não era exatamente comum usá-los num lugar fechado em um dos raros dias com nuvens em Carmel. __Ashley. __Peter sussurrou depois de muitos minutos de silencio __Não olhe agora, mas tem um cara ali que está te encarando dês de que chegamos.Não obedeci ao comando de Peter e imediatamente me virei e me deparei com um rosto conhecido. Não sabia quem era, mas sabia que o conhecia.__Eu conheço esse cara!__Eu disse, e isso não era bem um sussurro.__Mas não me lembro de onde. __Ele está vindo pra cá. __Peter sussurrou. Vi o senhor se aproximar de nossa mesa. Ele devia ter uns sessenta e tantos anos e tinha os cabelos grisalhos e uma barba curta.Ele parou ao lado de nossa mesa e disse:__Você não seria Ashley Greece? Seria? __Sim. Sou eu. __Eu respondi, confusa__Desculpe, mas não pude deixar de ouvir sua conversa.__Mais como...? Quem seria o senhor.__Dtr. Frederick Millan. Sua mãe procurou minha ajuda quando você era pequena.__Você!__Eu exclamei, por algum motivo sentindo grande felicidade! __Eu não disse Peter?! Eu sabia que o conhecia de algum lugar!
__Você!__Eu exclamei, por algum motivo sentindo grande felicidade! __Eu não disse Peter?! Eu sabia que o conhecia de algum lugar!Notando como Frederick olhava para Peter, eu disse:__Oh! Me desculpe Dtr. Millan! Esse é meu namorado, Peter Gardson.__É um prazer conhecê-lo rapaz. __ Frederick disse, estendendo a mão para Peter, que respondeu ao gesto, silenciosamente. __E por favor, Ashley, me chame de Frederick.__Sim doutor... quero dizer, Frederick. __Me corrigi__Mas Ashley... __Frederick disse, olhando para Peter __Ele também...?__Não senhor, ele não é um de nós. Mas ele sabe de tudo.__Oh! Claro, claro! __Peter permanecia em silencio __Mas o que os trás a Carmel? Você não morava em Cursmell?__Estamos fugindo. __Peter finalmente disse alguma coisa__Peter, não vamos envolver Frederick nisso. Por favor.__Fugindo?! __Frederick exclamou, espantado __ De quem?__Joan Grambonny. __Peter respondeu, me desobedecendo__Peter! __Eu o apreendi__Ah não! Ele não! __Frederick exclamou preocupado. __Esse homem é a treva! Por favor, deixe-me ajudá-los! Podem ficar em minha casa se quiserem! __Por favor Frederick, __Eu disse negando __Não posso colocar você em perigo também.
__Eu já estou em perigo! Olha, não podemos conversar aqui. Venham a minha casa e eu lhes explico tudo.
Peter deixou uma nota de 20 sobre a mesa e nós seguimos Frederick até seu carro.
Sua casa era muito bonita, tinha dois andares, era branca e tinha um charmoso jardim.
A decoração era de classe.
Seguimos até um lugar que devia funcionar como uma biblioteca particular, pela quantidade de livros.
__Por favor, sentem-se. __Frederick pediu
Nos sentamos em um sofá de dois lugares. Frederick foi até uma das estantes e procurou por um livro.
Depois se sentou em uma poltrona perto de nós, com o grosso livro nas mãos.
__Ashley, __Frederick disse, enquanto procurava algo no livro.__ você sabe por que é tão poderosa?
__Eu estou tentando responder essa pergunta dês de que Joan disse que eu era o Anymalius mais forte que ele já viu.
__Você não é só a mais poderosa que ele já viu Ashley. __Ele disse parando em uma determinada pagina e me entregando o livro. __Leia o que diz nessa pagina querida.
Hesitei por um momento e depois meus olhos seguiram para o começo da pagina.
“Diz a lenda, que existem aqueles chamados Anymalius – Elementares. Existe apenas um por vez em todo o mundo e sempre que um morre, imediatamente nasce outro.
“Os Elementares são sempre mais fortes e mais rápidos que os outros Anymalius mas o que os tornam tão diferentes dos outros não é só isso. Eles também podem controlar os elementos. Terra, Água , Ar e Fogo. Esses poderes amadurecem quando o Anymalius chega a puberdade.
“Os filhos de Elementares sempre serão Anymalius, mas Anymalius com habilidades comuns.”
Logo abaixo havia uma ilustração. Um homem com roupas medievais e olhos amarelos, em torno dele flutuavam água, terra, ar e fogo.
Fiquei olhando para aquilo, abismada.
__Não. Não pode ser! __Eu exclamei, ainda com os olhos na foto.
__Você pode fazer isso Ashley? __Peter perguntou, Provavelmente havia lido aquilo também.
__Não que eu saiba. __Eu respondi, praticamente num sussurro.
__Exatamente. __Frederick disse __ Agora que você sabe, tem que aprender a controlar.
__Isso não é possível! Eu nunca... nunca... espera, o meu corpo se aquece sempre que eu fico nervosa. Isso tem alguma coisa a ver?
__Fogo. O seu corpo se aquece facilitando que você produza fogo. Quando você está calma é necessário muito mais concentração.
__Entendi. Podemos começar a praticar agora? __ Eu perguntei impaciente. __Acho que já estou nervosa o bastante pra tornar isso mais fácil.
__Não tenho duvida disso. __Peter disse, tirando o braço que estava sobre meus ombros. __ Você fica cada vez mais quente!
__Venham, tem bastante espaço lá nos fundos. __Frederick disse, nos guiando para os fundos da casa. Era um espaço bem grande, do tamanho de uma quadra de vôlei. Frederick recomendou que Peter não ficasse muito perto, então ele se sentou num banco perto da porta.
Eu e Frederick fomos para o centro do gramado.
__Feche os olhos e concentre-se. __Ele disse e eu obedeci. __ Mande todo o calor do seu corpo para suas mãos. Apenas suas mãos. __Fiz o que ele mandou. Senti minhas mãos se esquentarem e depois senti cheiro de fumaça. __ Você está quase lá Ashley. Já conseguiu faze fumaça. Faça o seguinte: leve todo o calor do seu corpo para a ponta dos dedos. __ Me concentrei ainda mais e senti meus dedos se aquecerem aos poucos. Senti o cheiro de fumaça novamente, só que muito mais forte e ouvi o barulho do fogo. Imediatamente abri os olhos e olhei pras minhas mãos. Foi o suficiente para eu ver o fogo nas pontas dos meus dedos, se apagar.
__Muito bom Ashley!!__Frederick disse. Olhei a expressão de Peter, ele estava impressionado, sorrindo pra mim.__Vamos tentar mais uma vez, mas quando for abrir os olhos, mantenha o calor nos seus dedos. Certo?__Certo. __Eu respondi, fechando os olhos novamente. A principio foi tudo como antes, senti meus dedos se aquecerem e ouvi o barulho do fogo, mas antes de abrir os olhos novamente, tentei mandar mais calor para as minhas mãos. Senti o fogo aumentar e cobrir minhas duas mãos. Fiquei assim por alguns instantes e fui, lentamente, abrindo os olhos, mantendo o calor em minhas mãos. Levantei minhas mãos flamejantes na frente do meu corpo, com as palmas viradas pra mim. __Excelente! __Frederick disse, num sussurro.__Mantenha as chamas em suas mãos. Volto em um minuto. __E disparou para dentro da casa. Não demorou nem meio minuto pra voltar, carregando uma bacia de metal, cheia de água. A colocou na minha frente, a uns 4 metros de distancia.__Agora tente lançar as chamas dentro da bacia. Assenti com a cabeça e respirei fundo. Concentrei-me no objeto metálico na minha frente. Levantei meu braço direito e o movi, como se fosse jogar uma bola de basebol. O fogo em minha mão voou até a bacia e fez um som baixo quando se apagou na água, fazendo fumaça.
__Nunca imaginei que você prenderia tão rápido! __Frederick disse, vindo até onde eu estava. __Agora temos que tentar os outros elementos.
Frederick pegou a bacia e a trouxe pra mais perto de mim.
__Agora tente controlar a água. __Ele disse __Pra isso você terá que ficar de olhos abertos. Olhe bem para a água e concentre-se, depois tire-a da bacia, usando as mãos, mais sem tocar na água.
Por um momento eu não fazia idéia de como fazer aquilo, mas então, ao olhar pra água, senti como se ela estivesse de alguma maneira, presa a mim. Coloquei meu breco esticado, na frente do meu corpo, a palma da mão virada pra baixo e fui o levantando. Senti uma leve pressão na minha mão e depois vi a água se levantar da bacia, aos poucos, como um redemoinho, depois parei de mover o braço, mas a água continuou a subir, até se moldar a minha mão.
__Bom. __Frederick disse __Agora quero que faça como fez com o fogo. Lance a água de volta a bacia.
Dei alguns paços pra traz, foquei a bacia e depois repeti o movimento que havia feito com o fogo, vendo a água voar como uma bola e se espatifar contra a água que havia sobrado na bacia.
Algumas gotas caíram no meu rosto e na minha blusa, quero dizer, na blusa de Rachel.
__Realmente impressionante!__Frederick disse __Mas chega por enquanto. Descanse um pouco e depois tentamos os outros elementos.
__Tudo bem. __Eu disse, me virando e indo na direção de Peter, que estava vindo em meu encontro.__O que achou?
__Fascinante. __Peter respondeu
__Só isso?!__Eu perguntei, fazendo beicinho
__Fascinante, inacreditável, inacreditável... Esqueci algum adjetivo?
__Acho que só esse já está bom.
Fomos pra dentro da casa e Frederick disse que eu podia usar o telefone e o computador se precisasse falar com alguém.
Corri para o telefone e digitei o número da minha casa. Chamou duas vezes e então a voz desesperada da minha mãe atendeu:
__Alô?
__Mãe! Oi é a Ashley! __Eu disse, tentando parecer o mais calma possível.
__Ashley! Ashley minha filha! Onde você está?!
__Eu estou em Carmel mãe. Eu, o Peter e o doutor Frederick Millan. Aquele que você procurou quando eu era pequena.
__O que você está fazendo ai minha filha?!
__Olha mãe, não é nada, só que começaram a acontecer algumas coisas estranhas comigo e eu vim atrás do doutor! Eu posso controlar os quatro elementos mãe! É por isso que meu corpo esquenta tanto quando eu fico nervosa!
__Ah minha filha! Eu fiquei tão preocupada! Nem falei nada com seu pai, não queria deixá-lo nervoso. Olha, eu estou indo para aí viu?
__Não mãe! __Eu quase gritei __Não venha. Fique ai. Eu não demoro Ok?!
__Promete?
__Eu não posso garantir, mas vou fazer o possível. Olha, não conte nada pro meu pai Ok?
__Tudo bem filha. Eu te amo.
__Eu também te amo mãe. __E desliguei. Peter que estava ao meu lado parecia preocupado.
__Você tem o que mentir para a sua mãe, mas o que eu vou falar para a minha?__Peter disse
__Diga que... você precisou vir pra cá comigo, mas dia que já está tudo sobre controle. Diga que foi uma emergência médica e diga pra eles não falarem nada pro meu pão ok?
__Tudo bem... Mas que tipo de emergência médica?
__Diga que eu, me machuquei e pedi que você viesse me encontrar em Carmel, diga que eu estou com a minha mãe. Ah! Diga que eu vim pra cá por que o meu médico estava aqui e não tinha tempo de procurar outro.
__Acha que vai funcionar?
__Não custa nada tentar.
Peter discou o número chamou uma vez, então uma voz masculina atendeu, mas não era a voz do pai de Peter e eu sabia muito bem de quem era essa voz.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

10- Encontro

10- Encontro


Quando eu entrei no meu quarto, senti aquele cheiro, agora mais fraco. Senti uma tontura a me deitei. Minha cabeça estava cheia de perguntas que por mais que eu tentasse, não conseguia responder. Cai de costas na minha cama e tampei meu rosto com travesseiro.
Ouvi barulho de passos subindo a escada e senti o cheiro da minha mãe.
__Nem te vi chegando filha.__ Minha mãe disse, parando na porta do quarto. Tirei o travesseiro do rosto.
__Oi mãe. __Eu disse, me sentando e recostando na cabeceira da cama __ Eu estou muito cansada.__Também, depois de uma corrida dessas.
__Você veio andando?
__Vim, mais como vocês não estavam e casa eu fui dar uma volta,__Isso não era exatamente mentira __Ai encontrei o Peter na rua e ele me trouxe de carro.
__Ele tem carteira?
__Tem mãe.
__Quero conhecer esse rapaz filha.
__Você vai mãe.
__Por que você não traz ele pra jantar aqui amanha?
__Tudo bem, eu falo com ele amanha na escola.
__Ok. Já vai dormir?
__Só tenho que me arrumar e já vou sim. __Eu disse e depois dei um longo bocejo. Ela veio até mim e me deu um beijo na testa.
__Boa noite filha.
__Boa noite mãe.
Ela saiu e fechou a porta. Eu levantei e fui me arrumar para dormir.



__Sua mãe quer que eu vá jantar na sua casa hoje?__Peter perguntou enquanto dirigia para a escola. Estávamos no carro da mãe dele ( Eu tinha acabado de consertar o amassado quando ele chegou pra me buscar.)
__Esse é o plano.__Eu respondi.
__Que horas?
__O jantar costuma ser servido as 7horas então... chegue uma 6:30h. Pode ser?
__Por mim tudo bem.
__6:30h então.
Ficamos em um silêncio um pouco desconfortável até que Peter perguntou:
__Descobriu mais alguma coisa?
__Não.__Respondi sem emoção.
__Nervosa?
__Um pouco.
__Você pode conversar direito comigo?! __Ele disse num tom autoritário.
__Claro.__Eu respondi ainda sem emoção.
__Ashley, é serio.
__Tudo bem. O que você quer saber?
__Só quero conversar com você. Não posso?
__Pode. Mas sobre o que você quer conversar?
__Me fale como é sua mãe.
__Não precisa ficar nervoso Peter! Minha mãe só quer te conhecer, só isso!
__Eu não estou... Nervoso.
__Eu sei que está.
__Tudo bem, eu estou nervoso! Agora me diga como é a sua mãe!
__Ela é uma mãe normal Peter!
__Oh!Isso explica tudo.__Ele disse num tom irônico.
__Peter, olha. Minha mãe é quem tem motivos pra ficar nervosa perto de alguém como você. Só aja naturalmente Ok?
__Agir naturalmente... Ok.
__Você vai se sair bem, eu garanto.
__Espero que esteja certa.
__Eu estou.
Peter estacionou na frente da escola e foi abrir a porta pra mim. Caminhamos de mãos dadas até a sala de álgebra.
__A gente se vê? __Eu perguntei parando bem perto dele.
__A gente se vê. __ Ele disse e depois me deu um selinho e foi para sua próxima aula.


Eu estava acabando de passar batom quando a campainha tocou. Pulei todos os degraus da escada, pousando levemente sobre minha sandálias de salto e fuá atender a porta.
Peter estava lindo como sempre. Os cabelos lisos partidos levemente de lado, alguns fios jogados para traz, os olhos azuis cintilavam sobre a luz fluorescente, Ele usava uma alça Jean nem justa nem larga e uma camisa pólo azul marinho com um tênis de passeio.
Nas mãos ele segurava um buque de rosas, não muito grande- devia ter umas cinco rosas vermelhas.
__Oi Peter.__Eu disse sem fôlego, admirada com toda sua beleza.
__Oi Ashley.__Ele disse com um leve sorriso. Ele deu dois passos até onde eu estava, passou o braço livre por minha cintura, me puxado pra mais perto e me beijou. Claro que eu retribui. Passei os braços por seu pescoço e o trouxe pra mais perto.
Alguém pigarreou de perto do topo da escada. Peter se afastou imediatamente.
__Am... Oi mãe. Nem te vi chegar. __ Eu disse sem graça. Minha mãe foi até nós. __Mãe, esse é Peter Gardson, Peter essa é minha mãe Emma.
__É um prazer conhecê-la__ Peter disse estendendo a mão vazia para minha mãe. Ela respondeu ao gesto.
__Igualmente. __Ela disse. Ela estava sendo simpática, exatamente como eu tinha dito a ela.
__Am... Ashley, comprei isso pra você.__ Peter disse e me entregou as rosas.
__São lindas Peter, obrigada.__Eu disse ainda me derretendo.
__Deixe eu por isso na água. __ Minha mãe disse pegando as rosas dos meus braços. __ Por que não mostra o apartamento pra ele filha?
__É uma ótima idéia mãe. __Eu disse __Venha Peter.
Minha mãe foi até a cozinha e eu guiei Peter até o segundo andar. Abri a primeira porta e mostrei o quarto da minha mãe, a segunda e mostrei o banheiro, a terceira e mostrei o quarto da minha irmã - o menor de todos os 3 – e a ultima e mostrei meu quarto. __Entre. __ Eu disse e ele me seguiu para dentro do quarto. Ele olhava os detalhes na cabeceira da cama e do corrimão da pequena escada caracol que subia para o segundo nível.
__É um belo quarto esse que você tem não é? __Ele disse depois de ter olhado tudo.__O maior de todos também.
__ É que antes eu o dividia com a minha irmã. Minha irmã ficou com o menor, que antes era dos meus avós, por que está quase entrando na faculdade e não vai precisar de um quarto grande aqui já que vai estar morando lá, então minha mãe deixou eu ficar com a suíte.
__Bom pra você. __Ele disse parando na minha frente, o rosto a centímetros do meu.
__É eu sei. Agora eu tenho que te mostrar o andar de baixo.
Mostrei o banheiro de visitas, a sala de jantar e por ultimo a cozinha, onde minha mãe estava acabando de preparar o jantar.
__Podem ir para a mesa crianças. O jantar já está quase pronto.__Minha mãe disse abrindo o forno.
Eu e Peter nos sentamos na mesa de jantar, um do lado do outro. Minha mãe tirou a magnífica lasanha do forno e pôs na mesa. Depois pegou o refrigerante na geladeira, serviu nossos copos e pôs lasanha e arroz em nossos pratos. Depois se sentou na cabeceira da mesa, ao lado de Peter.
__E então rapaz.__ ela começou. __ Ashley me disse que você morava na Inglaterra. Certo?
__Certo. __Ele respondeu e depois deu uma garfada na lasanha que por acaso estava deliciosa. __Está ótima a Lasanha Sra. Greece .
__Por favor, me chame de Emma. Bem, me diga sobre sua vida na Inglaterra.
__Eu vivia com meus pais e meus avós em Londres, minha mãe era chef num restaurante por lá. Eu estudava em uma das melhores escolas da cidade.
__Fale sobre suas amizades.
__Meu melhor amigo era Mike Norman. Ele foi a primeira pessoa que eu conheci logo que me mudei pra lá.
__Vocês ainda mantém contato.
__Sim.
Notei que Peter estava tenso. Eu podia ouvir sua pulsação, bem baixo, mas estava acelerada.
Como são suas notas? Você gosta de que musicas? Você toca algum instrumento? Gosta de algum livro em particular? Já conheceu muitos países? Fala quantas línguas?
Entre essas e outras perguntas, Peter respondeu sem pestanejar, sempre impressionando minha mãe com as respostas, que eram todas verdadeiras, claro.
Mas as vezes eu tinha que segurar o riso, notando o nervosismo dele e tive que segurar mais ainda quando percebi o que minha mãe estava fazendo: Tentando achar algum defeito em Peter.
Mas parece que ela conseguiu quando perguntou:
__Que profissão você pretende seguir?
Peter ficou mudo, gaguejou alguma coisa e depois disse, num sussurro:
__Não pensei nisso ainda.
__Sei. Bem você tem que pesar rápido certo? Falta apenas alguns anos para a formatura.
__É, eu sei. Já pensei em arquitetura, medicina, biologia, direito, mas nada me agrada de verdade. Quero dizer, eu já pensei em seguir carreira musical, mas meu pai não gosta da idéia.
__E nem eu. __Minha mãe sussurrou tão baixo que só eu ouvi. Lancei um olhar ameaçador pra ela, que imediatamente se corrigiu __Bem, você tem que fazer algo que goste. E é perigoso se aventurar na musica, pra isso você tem que saber que tem talento.
__Bem, isso eu posso dizer que eu tenho... Quero dizer... Porque me disseram.
__Por que você não toca algo pra nós? A irmã de Ashley tem um violão.
__Por mim tudo bem.
Mas eu pude ouvir a pulsação dele acelerar imediatamente.
Fui até o quarto da minha irmã e peguei o violão preto que ela havia deixado sobre a cama. Devia estar afinado, já que ela estava tocando mais sedo.
Quando voltei eles estavam sentados na sala. Entreguei o violão a ele, que começou a conferir a afinação. Depois de alguns ajustes ele começou a tocar e imediatamente reconheci a musica: Falling in Love, do McFly. E quando ele começou a cantar meu queixo deve ter encostado no chão. Ele catava muito! E era voz dele mesmo, quero dizer, ele não estava forçando nem nada. Era a mesma voz levemente rouca e suave, mas ao mesmo tempo máscula e... irresistível.
Ele tocou cada nota com perfeição e cantou com a afinação perfeita. Notei que a reação da minha mãe foi a mesma que a minha.
Quando ele acabou de tocar nós duas aplaudimos fervorosamente.
Meu namorado era um astro do rock!
Ele ficou todo sem graça com nossos aplausos.
Ele foi embora mais ou menos oito e meia e eu fiquei lá, lembrando dele cantando.
Eu nunca tinha imaginado que ele era tão bom assim! Quer dizer, eu sabia que ele era bom, mas não TÃO bom!
Fui para o meu quarto e vesti meu pijama, escovei meus dentes e tirei minhas lentes.
Ok. Não vou mentir, porque eu sonhei com ele, e foi lindo! Sonhei que nós estávamos no parque, naquele lugar de sempre, mas ele estava tocando pra mim. Era noite, a lua refletida no lago. Mas o sonho foi curto de mais, pois acordei com um barulho no meu quarto.
A primeira coisa que eu senti foi o cheiro. Ah, aquele cheiro. Depois eu vi que a porta de vidro que dava pra varanda estava aberta. Mas ele não estava no quarto. Deve ter saído quando viu que eu estava acordando.
Olhei no meu relógio. Cinco e meia da manha. Duvido que eu conseguiria dormir com esse cheiro aqui.
Então fiz o que qualquer um na minha situação faria ( eu acho ): me levantei, vesti uma calça jeans, um tênis e uma camiseta, penteei meu cabelo e escovei os dentes. Tudo isso na metade do tempo que uma pessoa normal faria. Mas não foi só isso. Depois, fui até a varanda e pulei.
Até metade do caminho foi o mesmo que o da ultima vez, mas depois o cheiro foi ficando mais recente e o percurso mudou, repentinamente, no meio da mata.
Acelerei na esperança de alcançar o dono daquele cheiro , que ficava cada vez mais forte. Eu estava chegando perto.
Olhei pra baixo e notei as fortes pegadas, marcadas na terra úmida. Eram pés grandes. Acelerei mais ainda e o cheiro ficou ainda mais forte.Corri por mais uns dois minutos.
De repente freei. Estava em uma grande clareira, do tamanho de um campo de futebol e no centro, um homem alto e magro, com cabelos negros curtos e um cavanhaque no rosto. Ele usava um terno preto, a barra da calça suja de barro.
__Ashley Brandom Greece. Finalmente. __Ele disse dando alguns passos na minha direção. Eu não me movi.
__Você sabe meu nome, mas eu não sei o seu. __Eu disse, seria.
__Joan Grambonny.
__E o que você quero comigo.
__Nada de mais... Apenas... Sua lealdade. __Ele disse com um sorriso malicioso
__Pra que?
__Dominação da raça Anymalius e futuramente... dominação mundial.
__Não conte comigo.__Eu disse mantendo tom serio e inexpressivo.
__Oh, Srta. Greece, sinto que você não tem muita opção.
__Mas por que eu?
__Haha! Por que você?! Bem você é a Anymalius mais forte que eu já conheci.
__Eu, forte?! __Tudo bem, agora eu estava surpresa.
__Eu vim te seguindo dês de seus 10 anos de idade, a acompanhei sua crescimento e desenvolvimento e fiquei fascinado com sua força e velocidade.
__O que?!
__Você lembra de quando você tinha 12 anos e levantou o carro da sua mãe pra tirar sua bola que tinha ficado presa lá embaixo?
__Ah... acho que sim.
__Nenhum Anymalius de 12 anos de idade consegue fazer isso. E uma de 16 normalmente não consegue parar um carro a 70 quilômetros por hora, mesmo que o motorista tenha freado na ultima hora.
__O- o que?! Espera! Como você sabe disso?! Eu não senti seu cheiro...
__Eu tenho correspondentes Srta. Greece __Ele interrompeu. No mesmo instante vários outros cheiros se juntaram aos nossos. Não estávamos sozinhos, mas eu não podia vê-los __ Você é o ultimo troféu que eu quero para minha instante.
__Eu não vou me juntar a você Joan!
__Já disse e repito, não é algo que você possa escolher.
__Você acha que pode me enfrentar então? Mesmo dizendo que eu sou a Anymalius mais forte que você já viu?
__Você pode ser mais forte do que eu, mas não é mais forte que todos nós juntos.
__O que?!
Foi ai que eu vi. Eles saíram do meio das arvores. Eram muitos, deviam ser pelo menos 10. 10 pares de olhos, alguns brilhantes, como os meus, outros mais discretos, como os de Joan. Eram todos homens, fortes e altos. Eu não era páreo contra eles.
Eu não costumo fugir, mas dessa vez não tinha saída. Eu podia não ser mais forte que todos eles juntos, mas eles não podiam fazer nada sobre minha velocidade.
Corri por entre as arvores os mais rápido que pude e notei que cada vez eles ficavam mais pra traz. Ouvi o barulho de água a uns 50 metros. Um rio. Segui na direção dele e sem pensar duas vezes, dei impulso em uma pedra e saltei, deixando um pequeno buraco na rocha, onde, a alguns instantes atrás, estava meu pé.
Quando pousei do outro lado do rio, continuei correndo. Não fazia idéia de pra onde estava indo, mas sabia que eles haviam ficado pra trás.
Ouvi os sons de alguns carros. Devia estar perto da rodovia, e havia um lugar perto da rodovia pra onde eu podia ir. Um lugar em que eu não estaria segura, e pra onde eu sei que não deveria ir, mas era a única pessoa pra quem eu podia pedir ajuda.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Capítulo 9 - Ultima parte

__E o carro é seu?
__É da minha mãe.
__E onde você estava indo?
__Minha mãe pediu pra eu pegar o carro na revisão.
__Meu pai disse que eu só vou poder dirigir quando tiver meu próprio carro.
__Você tem carteira?
__Tenho. Tirei logo que fiz 16 anos e vou ganhar um New Beatle amarelo no meu próximo aniversario.
__Eu só tirei agora porque na Inglaterra só pode tirar aos 17, então...
__Entendi.
__Não vai me dizer oque estava fazendo parada no meio da avenida principal?
__Vou.__Eu disse seguindo por um longo suspiro.
__Desembucha.
__Tudo bem. Eu passei a tarde na casa da Kim. Cheguei em casa eram quase 9 horas. A casa estava vazia, então, fui direto para o meu quarto.
__E ai?!__Ele disse impaciente
__O meu quarto estava...
__Estava... __Ele disse notando meu silencio repentino
__Vou direto ao ponto. Aquele cara, o da sala do diretor, esteve no meu quarto.O cheiro estava fresco. Então eu não pensei duas vezes e segui o rastro até a avenida.
__Ok...__Ele disse pasmo
__Ele deve ter entrado em um carro, já que o cheiro acabou ali.
__Ashley... eu estou com medo por você.__Ele disse, ainda pasmo
__Peter... não tem do que ter medo.
__Não. Então, um cara estranho entra na sala do diretor, pega sua ficha e depois aparece no seu quarto e você não deve ter medo?__Ele disse parecendo irritado.
__Vendo por esse lado... __Eu disse me rendendo.
__Você não tem nem idéia do que ele quer com você?
__Não. Mas não acho que seja coisa boa. Vendo pelo modo que ele agiu com o diretor...
__Olha Ashley... saiba que você pode contar comigo.
__Peter...
__Eu vou estar ao seu lado sempre que precisar.__Ele interrompeu e depois segurou minha mão com a mão desocupada.
__É muito perigoso Peter!
__Nem vem com essa de “é muito perigoso”.
__Peter...
__Não adianta Ashley __Ele me interrompeu de novo. Eu bufei, desistindo.
__Tudo bem... __Eu disse com um sorrisinho malicioso__ Se você fizer alguma besteira tentando me proteger... eu te protejo!
__E todos os meus esforços pra te proteger terão sido atoa!
__Não, não serão, por que você não tem motivos pra tentar me proteger no fim das contas.
__Por que você acha que não?
__Se esqueceu que eu parei esse carro com as mãos Peter?!
__Não, mas o que isso tem a ver?
__Eu sou muito mais forte que você Peter!
__E daí?!
__E daí que se você tentar me proteger só vai me dar motivos pra estar em perigo tentando te proteger!
__O que?!
__Basicamente, não precisa me proteger.
__Ashley...
__Não!__dessa vez eu interrompi__ Não ínsita mais.
__Tudo bem... __Ele disse, desistindo e pondo as duas mãos no volante. Notei que ele estava com raiva.
__Peter?
__O que? __Ele respondeu secamente.
__Não fica com raiva de mim. Por favor.__Eu disse num tom de súplica.
__Eu só... __Ele disse. Parecendo sofrer por dentro__ Só temo que algo de ruim aconteça com você.
__Eu não vou deixar Peter.__Eu disse pegando sua mão de volta pra mim.__Eu não vou deixar que nada aconteça comigo nem com você.
__Promete?__Ele disse me olhando nós olhos ( estávamos parados no sinal)
__Prometo.__Eu disse. E uma sensação estranha tomou conta de mim. Eu estava mentindo. Eu não sabia se eu era capaz de me proteger, muito menos de protegê-lo.
Senti como se algo de muito ruim estivesse prestes a acontecer, como se ele só estivesse esperando que eu esteja desprotegida para atacar.
Esse pensamento me fez estremecer.
Peter me olhou estranhando minha reação e eu coloquei um falso sorriso tranquilizador em meu rosto. E ele sorriu de volta pra mim.

domingo, 5 de julho de 2009

Ja tem um tempo que ninguem comenta os posts então, lebrando qu eu quero MTS COMENTARIOS ok?!

Bjusss

Mary Zacaron